A farinha de sangue é caraterizada por apresentar alto teor de proteína, sendo por isso, indicada como um interessante ingrediente para compor a ração de suínos, aves, peixes e demais espécies, desde que não sejam ruminantes, onde seu uso é proibido.

Mas, além de ser um ingrediente da ração animal, a farinha de sangue também pode ser utilizada como um fertilizante de excelente qualidade. Você sabia?

Veja então, como a farinha de sangue é obtida na indústria da reciclagem animal e, saiba quais são suas principais aplicações em diversos setores.

Farinha de sangue: O que é?

A Farinha de Sangue é representada por um produto triturado e em pó, resultante do cozimento e da secagem do sangue animal, constituído pelas células vermelhas e livres de qualquer contaminante.

A matéria-prima deste tipo de produto da reciclagem animal é naturalmente o sangue, que é coletado em estabelecimentos – geralmente abatedouros e frigoríficos – que sejam devidamente fiscalizados por Órgãos Competentes.

Essa fiscalização é de suma importância e deve ser seguido à risca pela indústria de reciclagem animal, visto que para apresentar a máxima qualidade, a farinha de sangue deve ser derivada de eficientes e seguros processos de coleta do sangue, onde a segurança será imprescindível.

Assim, do ponto de vista visual, uma boa farinha de sangue deve apresentar as seguintes características físicas:

• Apresentação: Ser sólido e em forma de pó;
• Cor: escuro, com tons mais avermelhados;
• Aroma: aroma típico, picante metálico.

Além desses fatores, é importante ressaltar que, assim como os demais subprodutos processados na indústria da reciclagem animal, a produção da farinha de sangue contribui com a sustentabilidade.

O sangue deixará de ser simplesmente descartado pelo frigorífico/abatedouro – procedimento realizado da forma incorreta por muitas vezes – para se tornar um produto com significativo valor agregado.

Como a farinha de sangue é produzida?

A produção de farinha de sangue segue basicamente o mesmo processo de produção das demais farinhas animais dentro da indústria de reciclagem animal, com o processo devendo ocorrer conforme normas Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O processo consiste inicialmente na coleta deste subproduto no setor de abate e sangria do frigorífico. Em seguida, esse subproduto é encaminhado para uma graxaria (responsável por todo o processamento do sangue e demais resíduos do abate).

Na graxaria o processo se iniciará com o armazenamento do sangue em um tanque. A partir daí, o sangue será coagulado. Depois se utiliza uma centrífuga decanter, para fazer a separação das fases. O sólido que sai dessa separação, passará pelo processo de secagem, podendo ser com secadores a vapor ou, chamados de secadores de anéis, que secam através de uma corrente de gás quente.

Finalmente o resíduo será moído na forma de farinha com especificações de granulometria variáveis.

Principais aplicações da farinha de sangue

Quando produzida conforme a legislação nas indústrias de reciclagem animal, a farinha de sangue pode ser utilizada em variadas aplicações, que vão desde a nutrição animal (mais comum) até no seu uso como fertilizante.

A seguir são apresentadas essas duas aplicações mais comuns para a farinha de sangue, além dos principais benefícios e vantagens que estimulam seu uso.

Uso da farinha de sangue como ingrediente na ração animal

A farinha de sangue possui alto valor proteico, sendo essa a sua maior característica do ponto de vista nutricional.

Por essa razão apresenta importantes vantagens na formulação de rações para aves, suínos, peixes, Pet e, demais animais não ruminantes, servindo como uma fonte proteica alternativa às fontes vegetais, possibilitando a fabricação de uma ração balanceada e que apresente menor custo na sua formulação.

Outra vantagem da farinha de sangue como ingrediente da ração animal é o seu alto coeficiente de digestibilidade.  Além disso, este produto é rico em lisina, considerado um dos aminoácidos mais importantes para o desenvolvimento humano e animal.

Na sua ausência, esse aminoácido será geralmente um fator limitante no crescimento de muitos seres vivos, visto que no conteúdo de cereais (que constituem a maior parte da alimentação animal) a quantidade desse aminoácido é relativamente baixa.

Portanto, a suplementação da dieta animal com uma pequena quantia de farinha de carne pode ser bastante interessante do ponto de vista do valor nutricional agregado.

Além disso, as farinhas de sangue são ricas em Histidina, considerada outro aminoácido essencial, sendo, por isso, de grande relevância na dieta de peixes, essencialmente o salmão.

Dessa forma, as principais vantagens da farinha de sangue na nutrição de não ruminantes são:

• Redução no custo de formulação de rações;
• Produto rico em proteínas, principalmente aminoácidos essenciais como a lisina e a histidina;
• Ocasiona uma significativa melhora da palatabilidade da ração;
• É uma farinha isenta de fatores alergênicos ou antinutricionais.

Uso da farinha de sangue como fertilizante

Esse produto da reciclagem animal é considerado um ótimo fertilizante do solo, considerado bastante nobre e de rápida ação nas plantações. Ele pode ser incorporado na lavoura ou no jardim com o objetivo de aumentar principalmente o conteúdo nitroso no solo.

Por ser solúvel em água, a farinha de sangue também pode ser dissolvida, criando um fertilizante líquido de ótima qualidade possibilitando que o nitrogênio seja drenado para o solo através das plantas após repetidos ciclos de crescimento.

Esse produto também pode ser utilizado no solo se o desejo do agricultor for torna-lo mais ácido, visto que essa substância efetivamente diminui o pH do solo.

Assim, o uso da farinha de sangue como fertilizante trará as seguintes vantagens à agricultura:

• É um fertilizante de ótima qualidade e com ação rápida;
• Aumenta o conteúdo nitroso do solo;
• Contribui com a redução do pH do solo, deixando-o mais ácido.